Dois clubes do Nordeste, um deles tradicional, fecham as portas
São Luís, MA, 27 (AFI) – O futebol maranhense vive uma crise sem precedentes. Em menos de uma semana, dois clubes anunciaram o encerramento das atividades profissionais: o tradicional Moto Club e o atual campeão estadual JV Lideral, que enfrentou a Ponte Preta na Copa do Brasil deste ano.
A notícia caiu como uma bomba na imprensa maranhense, sobretudo porque o Papão, como é carinhosamente conhecido o Moto, é um dos clubes mais tradicionais do Estado e do futebol nordestino, ao lado de Sampaio Corrêa e Maranhão AC.
O argumento dos dois clubes foi o mesmo: a crise financeira e administrativa que assola os clubes do Maranhão, aliada a falta de estrutura e de amparo da Federação Maranhense de Futebol (FMF).
O próprio técnico Sandow Feques, que comandou o JV Lideral na última Série D do Brasileiro, concordou com a postura do presidente do clube, Walter Lira. Ele classificou a FMF de “omissa” e de que não faz nada pelos times.
“O futebol do Maranhão é mal administrado. O JV teve coragem de dizer que não concorda com a forma como a Federação cuida do nosso futebol. Falta seriedade”, disparou, antes de saber que o Moto também iria se licenciar do futebol profissional.
Existe uma saída?
A atitude dos dois clubes causou um “certo pânico” na atual administração da FMF, encabeçada pelo presidente Carlços Alberto ferreira. O temor é de que outros clubes adotem a mesma postura com o intuito de obrigar a realização de novas eleições.
Para evitar uma “revolta” de seus filiados, a Federação pretende convocar uma reunião com dirigentes de JV Lideral e Moto Club para tentar contornar a situação. Portanto, ainda há alguma esperança para os torcedores do Papão de não ver seu clube acabar.
Mais do Moto Club
Fundado em 13 de setembro de 1913, o Moto Club de São Luís é um dos clubes mais tradicionais do Nordeste. Seu principal rival é o Sampaio Corrêa, mas o clube também possui grande rivalidade com o Maranhão, terceira força do Estado, e o Imperatriz.
A história do Papão maranhense tem um início bem peculiar. Isso porque seus fundadores não tinham o futebol como principal objetivo, mas sim as modalidades de motociclismo e ciclismo, muito praticadas na época. Daí vem a origem de seu nome.
No entanto, foi no futebol que o time rubro-negro ganhou notoriedade. Em 72 anos de história, ostenta 24 títulos maranhenses, uma Copa Norte-Nordeste (1947_), além de participações na extinta Taça Brasil, no Brasileirão e Copa do Brasil.
Polêmica do acesso
Na Segunda Divisão Maranhense de 2009, o Moto Club protagonizou uma grande polêmica. Na última rodada, Viana e Moto entraram empatados com seis pontos e diferença de dois gols de saldo em favor do clube do Interior.
Até o intervalo, o Viana empatava sem gols com o Chapadinha, enquanto o Papão batia o Santa Quitéria, por 3 a 0. Resultado que levava o clube rubro-negro à elite.
Faltando nove minutos, o Moto vencia por 5 a 1 e o Viana ganhava, por 2 a 0. Embora ambos tivessem dois gols de saldo, o clube da Capital ganhava nos gols marcados. A partir daí, porém, o Viana, curiosamente, desandou a fazer gols e, no final, goleou o Chapadinha, por 11 a 0.
O escândalo ganhou repercussão mundial, por ter ficado claro que houve entrega de resultado. O torneio só voltou a ser disputada neste ano, sem a presença do Moto, que acabou excluído.
História do JV Lideral
O JV Lideral foi fundado no dia 30 de abril de 1994, na cidade de Imperatriz, como um clube amador. Hoje, tem como presidente e proprietário o empresário Walter dos Santos Lira. O time tem uma das melhores estruturas do Nordeste, com um Centro de Treinamento situado a 8 km do centro da cidade.
O Trator do Camaçari, como é conhecido, estreou em competições nacionais enfrentando a Ponte Preta pela Copa do Brasil 2010, no Estádio Panelão. A partida de ida acabou empatada por 0 a 0. No jogo de volta, realizado em Campinas, no Estádio Moisés Lucarelli, a equipe acabou derrotada por 4 a 0 e acabou eliminada.