Santos, SP, 14 (AFI) - Assim como aconteceu em 1962, Peñarol e Santos voltam a fazer uma final da Copa Libertadores e a primeira partida vai acontecer nesta quarta-feira, às 21h50, no Estádio Centenário, em Montevidéu. E pensar que a reedição da decisão de 49 atrás corria o risco de não acontecer.

Devido as cinzas do vulcão chileno Puyehue, que estavam atrapalhando o clima, existiu a possibilidade da viajem dos brasileiros ser cancelada, assim como aconteceu no Chile, na Argentina, no Uruguai e no próprio Brasil no final da semana passada. No entanto, a emissão de fumaça provocada pelo vulcão vem perdendo a força. A delegação santista já sem encontra em Montevidéu para o primeiro confronto da grande final.

A segunda partida da decisão da Libertadores está marcada para a próxima quarta-feira, no Estádio do Pacaembu, às 21h50. A diretoria alvinegra colocou 38.752 entradas às vendas e todas foram vendidas até essa terça-feira. 23.955 são para os santistas, enquanto 7.308 foram destinadas para os paraguaios.

Para relembrar
Em 1962, Santos e Peñarol se enfrentaram na grande decisão da Libertadores e os alvinegros guardam boas recordações daquele ano. No dia 28 de julho, em Montevidéu, o Peixe venceu de virada por 2 a 1, com dois gols de Coutinho, enquanto Spencer abriu o placar para os donos da casa. Na volta, dia 2 de agosto, o Santos acabou empatado por 3 a 3, mas o árbitro chileno Carlos Robles acabou anotando 3 a 2 para os uruguaios, resultado assim na terceira e grande partida da final.

Depois de muita reclamação por parte dos brasileiros, o terceiro jogo acabou acontecendo no dia 30 de agosto, em Buenos Aires. No entanto, o Santos acabou mostrando um futebol envolvente e não deu chances para o Peñarol vencendo por 3 a 0, com dois gols do Rei Pelé e um de Coutinho.

Santos e Peñarol já se enfrentaram 12 vezes em competições oficiais na América do Sul, seis pela Libertadores e a outra metade pela Supercopa. O time paulista tem vantagem, com 5 vitórias, 3 empates e 4 derrotas. Em mata-mata, porém, os Carboneros já eliminaram o time da Baixada por três vezes, contra apenas uma do Peixe. No Centenário, palco do jogo de amanhã, que também já recebeu a final da Copa do Mundo de 1930, o retrospecto é equilibradíssimo: são duas vitórias para cada lado e um empate.

Trajetória
Para chegar até a decisão, o Santos sofreu e correu risco de ser eliminado logo na primeira fase, quando terminou na vice-liderança do Grupo 5, com 11 pontos, carimbando a vaga com uma vitória na última rodada diante do Deportivo Táchira-VEN, por 3 a 1, na Venezuela. Depois, passou pelo América-MEX nas oitavas-de-final e Once Caldas-COL nas quartas, até eliminar o Cerro Porteño-PAR na semifinal. Ao todo, foram seis vitórias, cinco empates e apenas uma derrota.

Assim como o Peixe, o Peñarol também sofreu para evitar uma eliminação precoce logo na primeira fase, terminando em segundo lugar do Grupo 8, com nove pontos, um a mais que o Independiente-ARG. Nas oitavas-de-final passou pelo Internacional-BRA e repetiu a dose eliminando o Universidad Católica. Depois de duas partidas emocionantes, os uruguaios bateram o Vélez Sarsfield-ARG na semifinal. Foram seis vitórias, dois empates e cinco derrotas.

Casa cheia e guerreiros em campo
O Peñarol espera utilizar o apoio de seus torcedores para fazer o dever de casa e abrir uma boa vantagem visando o confronto de volta no Pacaembu e por isso a pressão no Estádio Centenário deve ser forte. Todos os 55 mil ingressos colocados a venda foram vendidos, mas a expectativa é que o local receba um público maior de 60 mil contando com os convidados.

Pregando respeito ao atacante Neymar, uma das principais promessas do futebol mundial e pretendido por grandes clubes como Real Madrid-ESP e Chelsea-ING, os jogadores do Peñarol apostam na força do elenco para parar as estrelas alvinegras. Por isso, a raça é o fator que pode influenciar na conquista de um bom resultado.

"O Santos tem muita individualidade e nós temos uma equipe bastante forte. Acho que essa é a característica dos dois times. Eles têm jogadores tecnicamente bem dotados, mas nosso grupo é muito forte, serão 11 leões dentro de campo na quarta-feira", afirmou Fabián Estoyanoff.

Para essa partida, o técnico Diego Aguirre vai contar com os reforços de Diego Alonso e Jonathan Urretaviscaya, que ficarão como opção no banco de reservas. Por isso, o restante do time deve ser o mesmo que eliminou o Vélez. A principal esperança é no habilidoso Alejandro Martinuccio, que vem despertando o interesse de muitos clubes do futebol mundial, inclusive do Palmeiras, que encaminhou uma proposta oficial e aguarda a resposta.

Vai começar a batalha
Tentanto acabar com um jejum de 48 anos sem conquistar uma competição continental, o Santos inicia a batalha nesta quarta-feira, contra o Peñarol. Todos estão preparados para uma partida que promete ser bastante complicada, principalmente pela pressão dos torcedores. Por isso, os jogadores mais experientes destacam a paciência como fator fundamental para um bom resultado.

"Estamos prontos para a batalha, mas é sempre bom lembrar que serão dois jogos e precisamos entrar no primeiro cientes de que nem tudo se resolve em apenas 90 minutos. É importante ter paciência e serenidade para tocar a bola, impor o nosso ritmo e jogar com inteligência o tempo todo. Os uruguaios têm como características muita força e uma determinação acima do normal", afirmou o volante Arouca.

Já em Montevidéu, o Santos realizará nesta terça-feira o último treinamento antes do duelo com o Peñarol. O grupo de jogadores fará um trabalho de reconhecimento do gramado do estádio Centenário. Para o duelo, o técnico Muricy Ramalho não poderá contar com o zagueiro Edu Dracena, que está suspenso, além de o lateral-esquerdo Léo, o lateral-direito Jonathan e o meia Paulo Henrique Ganso, que estão contundidos.

Nesta terça-feira, surgiu a notícia de que Neymar (foto) estaria acertado para defender o Real Madrid na próxima temporada, mas no desembarque da delegação alvinegra, o atacante e o presidente Luís Álvaro Ribeiro fizeram questão de desmentir qualquer informação. "Não tem nada. Hoje, nada me tira do Santos", comentou a Jóia da Vila, que teve o comentário reforçado pelo mandatário alvinegro.

"Isso não existe. Se viesse proposta, eu mandava devolver. Engraçado é que essas notícias sempre surgem em véspera de jogos decisivos. Estão de brincadeira. Quando não é o Ganso, é o Neymar. Já estamos conversando com novos patrocinadores. Faremos quantas propostas forem necessárias a Neymar para que ele permaneça", reforçou Luís Álvaro.