A vida do Padre Luciano em Roma
O patoense Luciano Morais vive em Roma há sete anos, onde é padre e prepara seu doutorado sobre a obra de Dom Helder Câmara e deverá concluí-lo ainda este ano. “No mais tardar concluo minha tese em fevereiro de 2013. Estou escrevendo sobre a Eclesiologia de Dom Helder Câmara e o seu protagonismo durante o Concilio Vaticano II, tudo isso a partir de sua opção por uma verdadeira reforma na Igreja, desde a questão social dos pobres, que, excluídos num mundo dos ricos, com seu apoio buscaram novos caminhos”, justifica ele.
Padre Luciano vive em Roma em um prédio onde vivem seis outros padres, todos com profundos estudos referentes às grandes temáticas da igreja, e hoje ele é familiarizado com a Itália e com a vida romana. Luciano é uma espécie de guia turístico para cada patoense que visita a cidade eterna, onde mostra os pontos conhecidos da cidade e explica minuciosamente cada coisa. “Tenho muitos amigos aqui e adquiri muita experiência de vida, porém sempre desejei voltar para minha casa, morar com meus pais e minha família de sangue e à minha Diocese, mas gosto também da Itália e considero minha segunda pátria”, justifica.
Ele pretende retornar ao Brasil em julho de 2013. Questionado sobre onde gostaria de atuar como padre no Brasil ele tem a resposta pronta: “Em Patos ou onde o bispo me indicar”.
Em Roma ele fez, de fato, um grande círculo de amizade, sendo querido por todos, da mesma forma como era querido nas cidades em que atuou na Paraíba como vigário, a exemplo de Patos e Piancó. Já domina o italiano e faz a homilia no idioma de Dante com a mesma desenvoltura com que celebra na sua língua materna.
Padre Luciano diz que existem algumas diferenças entre a igreja italiana e a brasileira. “A Igreja no Brasil tem muitas coisas que não têm na italiana. No Brasil existe muito mais criatividade pastoral. No nosso país acho que os agentes pastorais leigos têm mais espaço. Na Itália o laicato é muito mais tímido, controlado e dependente do clero. Acho isso ruim. O laicato não tem muito espaço. O clero é muito calado e ainda formal, porém estuda mais e se aprofunda mais, ou seja, possui muito conhecimento intelectual. Penso que de um lado é bom, mas pode fazer perder a espontaneidade e simplicidade que, por exemplo, encontro no clero do Brasil. Não existe aqui um padre Marcelo Rossi nem um padre Robson, do Santuário do Divino Pai Eterno. Neste sentido, o Brasil vai melhor”, esclarece.
Para o Padre Luciano faltam vocações religiosas. Ele diz que na Itália os conventos estão quase fechando. “A média de idade do clero na Europa é 67 anos e a Igreja será sempre menor por aqui e crescerá nas terras de missão: Brasil, África, Ásia. Já no Brasil penso que estamos ainda no início da Nova Evangelização, como dizia o Padre Comblin. Vem aí o Sínodo dos Bispos sobre este tema. Vamos ver se o clero topa a parada e o laicato também”, finaliza.
Ele diz que essa crise na igreja reflete a superficialidade no conhecimento da Palavra e falta aprofundamento e a busca de uma vida coerente. “Aqui na Itália se fala muito no demônio. As pessoas se sentem muitas vezes possuídas por forças estranhas. Tem muita superstição aqui também, como do mesmo modo, encontro no Brasil. O povo acredita demais em horóscopo, vai à casa de cartomantes, acredita em mau-olhado, etc”, diz.
Padre Luciano é irmão de Lenildo Morais, candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Francisca Motta em Patos e sempre acompanha as notícias de Patos através dos sites locais. Recentemente ele teve o prazer de receber uma das suas irmãs, Telma Morais, na cidade eterna. “Foi uma alegria ver a minha irmã. Não vejo a hora de voltar ao meu povo, ao meu país”, finaliza ele.
Celebrando em italiano
Com seus amigos padres
Com o padre Fábio Abreu, outro patoense em Roma
No Coliseu, com a sua irmã, Telma Morais
Fonte: Wandecy Medeiros – wandecymedeiros@gmail.com
Postada por Higo de Figueirêdo